A Arte de Decorar a Bíblia Atravessa os Séculos
A história do Bíble Journaling
Você já deve ter visto alguma foto de uma Bíblia com as laterais desenhadas, ou com colagens e versículos escritos em letras bonitas. Me lembro de ter uma pasta no Pinterest com várias inspirações para colocar em prática, porém muitas vezes me faltou tempo para produzir alguma arte inspirada em algum versículo além da leitura e oração regulares.
Me lembro de ter visto a primeira Bíblia desenhada em meados de 2015 no Instagram e tudo parecia novo. Uma nova moda de decorar a palavra de Deus estava surgindo, era o que pensava. Li um dia desses um tweet que dizia que as modinhas conservadoras dessa época estavam “estragando a juventude” e citaram o devocional feito pelas jovens influenciadoras cristãs. Mas essa prática é realmente nova? Será que o Bible Journaling iniciou junto com as redes sociais ou elas apenas difundiram algo que sempre existiu?
O primeiro livro cristão ilustrado
O primeiro registro de um manuscrito decorado ocorreu em 800 d.c. com o famoso Livro de Kells (The Book Of Kells) que contém os quatro Evangelhos do Novo Testamento escritos em Latim e tinha como objetivo usar a arte para glorificar a Deus e ajudar na meditação e devoção.
Outra curiosidade sobre a Idade Média eram os escribas que redigiam os textos sagrados a mão e em muitos casos incluíam ilustrações e notas nas margens para aprimorar a experiência meditativa e mnemônica do leitor.
Antes da criação da prensa de Gutemberg, ninguém comprava um livro impresso, então eles contratavam um escriba para criar um texto personalizado com palavras manuscritas e desenhos a mão.
Século XVI a XVIII A Bíblia de Genebra e o engajamento pessoal
A Bíblia de Gutenberg marca uma revolução não só na história dos livros, mas na história da humanidade. Ela foi impressa por volta de 1455, usando a prensa de tipos móveis inventada por Johannes Gutenberg.
Pela primeira vez os livros puderam ser produzidos em maior escala o que tornou a Bíblia acessível para o leitor leigo.
No século XVIII os leitores começaram a incorporar plantas prensadas as páginas da Bíblia. Naquela época as pessoas acreditavam que as flores, em particular, mostravam o esplendor da criação divina. Eles estudavam o mundo natural para apreciar o trabalho divino e tinham a botânica como uma extensão da teologia.
Outra prática comum nesse tempo (1600-1800) eram os registros familiares. A Bíblia pertencia à família e continha várias informações como: nascimentos e óbitos, datas especiais e até lembranças anexadas como uma espécie de scrapbook. Eles a liam de forma coletiva no lar como uma prática devocional familiar
A transição para o modelo pessoal (1800-1900)
Com os movimentos missionários, avivamentos e o avanço das Sociedades Bíblicas (como a British and Foreign Bible Society, fundada em 1804), começa a massificação da produção de Bíblias baratas, pequenas e portáteis. A ideia era de que cada pessoa deveria ter a sua própria Bíblia. As marginalias e as anotações pessoais se tornaram comuns.
Século 20 em diante — A Bíblia íntima e pessoal
A Bíblia se torna:
Um objeto pessoal.
Um companheiro diário.
Um espaço de intimidade espiritual, anotações, reflexões, marcações e de expressão artística que ganhou o nome (Bible Journaling).
A Bíblia decorada se torna uma extensão do relacionamento pessoal com Deus.
Por que você deveria decorar a sua Bíblia
O ato de decorar a Bíblia envolve um engajamento ativo e criativo do conteúdo Bíblico. As pessoas ilustram os versículos que tem maior importância para elas e isso pode ajudar a refletir por maior tempo a palavra de Deus.
Escrever em um livro não é estraga-lo mas é um sinal de vida. Você engaja, argumenta e o responde de acordo com o filósofo Mortimer Adler.
Possuir um livro fisicamente não é a mesma coisa que possuí-lo intelectualmente.
Passamos a entender plenamente quando tornamos o livro parte de si mesmos e isso acontece quando nos concentramos, refletimos e anotamos os nossos pensamentos.
Os livros sublinhados, com orelhas dobradas e cheios de notas marginais contam uma história. Marcar a sua Bíblia não a danifica, em vez disso, deixa evidências. Deixamos tinta em um livro bem lido e a sua Bíblia pode se tornar uma cápsula do tempo. Imagine você mais velho relendo suas reflexões sobre a palavra de Deus quando jovem. Quão precioso reler versículos que irão marcar suas orações, promessas e sonhos.
Meu pastor orou há uns domingos atrás para que fossemos Biblicamente letrados e esse é o desejo do meu coração para mim e para você.
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Fontes:
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